Carta 011 - A primeira vez que te vi pela primeira vez
Querido Joaquim,
Hoje quero contar a você como foi nosso último sábado. Um dia que, para você, representou um momento de muitos encontros.
Você deve ter achado estranho, não é? Mas deve ter amado também! Nesses seus quatro primeiros meses, essa mistura deve surgir com frequência nos seus dias, afinal, tudo é novo, tudo é uma descoberta, cada pessoa é um mundo novo a explorar.
A gente se viu no meio do casamento da Cleide e do Gustavo, nossos primos. Um evento repleto de pessoas queridas e especiais para toda a família. Pela primeira vez, não nos vimos na sua casa ou na minha - com aquele cheirinho de banho e a luz suave. Era a sua primeira vez em um casamento, a sua primeira vez comigo em um lugar diferente, a primeira vez que você usou sapatos talvez, e a primeira vez que a gente se via fora da sua rotina.
Ali, em meio a sorrisos e abraços, foi como se eu te visse pela primeira vez de novo. Sob meus olhos, um novo Joaquim surgia, mas com a mesma doçura daquele bebê que vejo costumeiramente em casa.
Vi um Joaquim alegre, destemido, disposto a desbravar o mundo como um navegador em busca de um novo continente.
Seus olhos curiosos e atentos exploravam cada canto, cada rosto, cada pessoa. E, para todos nós - apesar de os protagonistas serem os noivos Cleide e Gustavo - você também era o centro, a luz que atraía todos os olhares.
A beleza dos encontros, Joaquim, reside exatamente nisso: na capacidade de renovar o olhar, na soma das surpresas, na ternura de enxergar o familiar com ineditismo, como se tudo fosse uma novidade. E era! E que sempre seja novidade encontrar as pessoas, passear, conhecer o mundo, uma rua de seu bairro, uma gaveta do seu quarto.
(....)
Em um mundo onde tudo parece tão comum, na rotina cansativa do trabalho ou dos afazeres mundanos, você me ensina diariamente que, na verdade, cada instante é um novo começo. Cada vez que a gente se vê, é uma primeira vez de alguma coisa.
Pode ser a primeira vez que você me vê com o cabelo desajeitado ou com um tipo de roupa, por exemplo. No outro dia, posso vestir uma camisa que você ainda não conhece, posso escolher um óculos de outra cor, posso até estar um pouco mais rouco. Será a nossa primeira vez de tudo!
A gente, Joaquim, está sempre se redescobrindo. E o mais belo de tudo é que o mundo, assim como a nossa história, é feito dessas primeiras vezes. Até quando algo acontece pela última vez, pode ser a primeira vez que acontece daquele jeito. Novas possibilidades sempre estarão à espreita, nos aguardando - e nos observando com olhares atentos.
Por isso, que a gente possa sempre ter a sorte de se ver pela primeira vez. Ontem, hoje, amanhã, outras e outras vezes. Sempre!
14 set. 25
