Carta 008 - Viagem à Lua

Querido Joaquim,

Hoje quero te contar sobre um dos grandes fascínios do nosso mundo: a Lua. Acho que você ainda não a conhece, mas tenho certeza que vai se apaixonar assim que puder vê-la de perto.

Bom, de perto para o nosso jeito de ver as coisas, afinal, ela tá muito, mas muito, muito longe. Supõe-se, Joaquim, que ela está há aproximadamente 385 mil quilômetros de distância da nossa casa dentro do universo, a Terra.

Parece longe, como eu acabei de dizer, mas para a astronomia (a ciência que estuda os corpos celestes), essa distância é até pequena. Se compararmos com o sol - que está há 150 milhões de quilômetros de distância - ir até à Lua é como ir ao mercadinho perto de sua casa.

E sabe o que é mais legal disso tudo? Nós, os seres humanos, já pisamos lá várias vezes! Não com a facilidade de quem vai ao mercadinho perto de casa, mas com a mesma intenção de voltar pra casa em segurança e feliz por ter conseguido encontrar pães frescos. 

A primeira viagem, em 1969, parou o mundo e até hoje a notícia reverbera como um dos grandes feitos da humanidade. Até então, as pessoas sonhavam com esse dia, achavam impossível chegar lá e tratavam a Lua como um destino inalcançável. Tem, até hoje, histórias mirabolantes que circulam pela internet de que tudo isso é uma farsa, mas pode acreditar: nós pisamos na Lua! Não só pisamos, como pulamos, fincamos bandeiras, retiramos rochas para estudar, entre tantas outras coisas – e tudo isso foi televisionado!

Ah, e uma coisa importante: a Lua é nosso único satélite natural. Ela, sozinha, consegue controlar as marés dos mares e exercer influência sobre os nossos oceanos. O movimento que ela faz em torno da Terra é o mesmo que ela faz em torno de si mesma - o que nos ensina que ela está sempre olhando para nós, como quando andamos em torno de uma mesa circular olhando sempre para o prato de comida no centro. 

Sua nuca, para continuar no exemplo da face, é um mistério. Os estudiosos a chamam de "O Lado Escuro da Lua", pois a olho nu nunca seremos capazes de visualizá-lo. Somente com sondas e câmeras especiais, já que por aquelas bandas não incide praticamente nenhum tipo de luz solar. Apesar de vermos apenas o seu rosto, ela é diferente ao longo dos dias. Em algumas semanas, parece uma banana; em outras, uma bolacha redondinha.

Na música, no cinema, na TV, nas artes... em todas essas áreas a Lua figurava de algum modo. Ora como objeto de desejo, ora como poesia para apaixonados, ora para exemplificar algum objetivo, ora como simplesmente algo para se ver brilhando no céu. Hoje, não por acaso, seu protagonismo segue cintilante!

Daria para te apresentar vários exemplos do uso da Lua como um ser místico, imponente e repleto de enigmas. Há milênios, ela é - e continuará sendo, agora por outros motivos - nossa maior obsessão. Por isso, para encerrar essa carta, quero te sugerir algumas coisas que vão te ajudar a entender o motivo pelo qual gostamos tanto dela.

 - Um filme: "Viagem à Lua", de George Méliès (obra muito antiga que revolucionou o cinema por mostrar um novo jeito de fazer filmes e de criar efeitos visuais nas cenas).

 - Uma música: "Harvest Moon", de Neil Young (canção que, inclusive, embalou a trilha sonora de um dos jogos que seu tio mais gostou de jogar).

- Um livro: "Da Terra à Lua", de Júlio Verne (livro que deu origem ao filme que mencionei anteriormente e que seu tio está lendo quando da escrita dessa carta. Relata a história de um grupo que decide enviar um projétil gigante até a Lua e tentar algum contato com os possíveis habitantes de lá).

 - Um desenho: Snoopy (famoso cachorrinho branco animado que, incorporado em uma pelúcia, já foi à Lua várias vezes, simbolizando a bravura e a doçura de quem sonha).

E, por último, - a coisa mais importante: ver a Lua ao vivo! (basta abrir a janela e contemplar). Em poucos dias, ela estará cheia! Nem só de mistérios, mas de puro encanto. Se tudo correr bem (acabo de ter uma ideia), quero ir na sua casa pra gente ver juntos.

Será a primeira de muitas vezes em que a veremos! Como nos filmes, como nas músicas, como nos livros... como nos sonhos!

(...)

Zé do Norte/Zé Martins

Lua bonita
Se tu não fosses casada
Eu preparava uma escada
Pra ir no céu te buscar
Se tu colasses teu frio com meu calor
Eu pedia ao nosso senhor
Pra contigo me casar
Lua bonita
Me faz aborrecimento
Ver São Jorge no jumento
Pisando no teu clarão
Pra que casaste com um homem tão sisudo
Que come dorme faz tudo, dentro do seu coração?
Lua Bonita, meu São Jorge é teu senhor
E é por isso que ele veve pisando teu esplendor
Lua Bonita se tu ouvisses meus conselhos
Vai ouvir, pois sou alheio
Quem te fala é meu amor
Deixa São Jorge no seu jubaio amuntado
E vem cá para o meu lado
Pra gente viver sem dor.

Com carinho,
Tio/Padrinho Matheus.
24 ago. 25