Trajetória errante: o caminho da aposta

Basta que nos sintamos acomodados, inteligentes, conscientes de uma determinada condição, para que algo aconteça do mais absoluto nada nos exigindo uma solução inédita e anormal. Eu sei, eu sei, estar preparado não quer dizer saber tudo. Na real, até saber tudo não quer dizer nada. Somos areia nesse mar de aleatoriedades.

É natural não darmos a mínima para manuais de instruções, né? Quando damos, sempre rola aquela sensação de pertencimento, de capacidade técnica, até mesmo de confiança exagerada. No primeiro parafuso a ser apertado, tudo cai por terra. Voltamos a ser ingênuos nesse céu da indecisão e os olhos se voltam timidamente para o documento repleto de letrinhas miúdas.

Qual parafuso? O pequeno? O que está no pacote transparente? O que vem solto na embalagem? Há uma ordem específica para colocá-los? Há uma força ideal para fixá-los? São diferentes entre si? 

Tudo bem, na vida da gente quase sempre perambulamos no caminho da aposta. E isso, por si só, já é uma escolha e tanto!

(...)

Hey! Será que estou sendo injusto e apenas revelando minha lentidão em relação ao aprendizado das coisas? Pode ser, né? Tem uma galera aí que aprende de cara, logo na primeira, e segue acertando, sem mesmo ler o manual de instruções ou a bula.

Manual? Bula? Ok, nem sempre eles estão ali para nos ajudar. Em quase todas as oportunidades, estão apenas para garantir a sobrevivência de respaldos jurídicos. Fossem úteis no modo de fazer, viriam mais simples, fáceis, diretos e sem firulas.

(...)

Hey! Ainda estou pensando no meu próprio umbigo, né? Tem uma galera aí que entende os sinais, os símbolos, as jogadas ensaiadas... as letrinhas miúdas. A real é que demoro mesmo a aprender algo, seja no campo profissional, seja nos dissabores do cotidiano, e sigo errando, mesmo lendo o manual de instruções e a bula. De cabo a rabo!

Mas entendi, a vida é a comunhão dos enigmas, o encontro das imprevisibilidades. Por isso, paciência com os lerdos e com os ágeis, ok? Não há receita pronta! 

(...)

Estresse: talvez seja a primeira vez que eu o descrevo assim, com "e" e dois "s". Estranho. Mesma coisa vale para muçarela, com cedilha, nome abrasileirado que usamos para designar o famoso queijo italiano. Teria um sabor diferente a mussarela com dois "s"? O stress norte-americano dói menos que o nosso? Não faz muita diferença, né?

Ao tentar definir alguns sentimentos, por exemplo, vez ou outra esbarramos em sinônimos e semelhanças que nos fazem mudar o trajeto. Arames farpados. Sentimos angústia, inquietação, aflição, desassossego ou só impaciência mesmo? 

É claro que a culpa não é da língua portuguesa, ao contrário: a culpa é nossa por não entendê-la como uma organismo vivo, repleto de similaridades, de concepções iguais, mas diferentes. Sigamos tentando, errando e aprendendo!

(Até porque a vida real é mais do que um livro de gramática! Fosse assim, recorreríamos sempre a ele para resolver todas as nossas dúvidas).

(...)

Eu sei, eu sei... já devia ter aprendido a ser mais convicto de minhas decisões, a compreender o que sinto, mas... sinto muito. O tempo é de cada um. E o meu é assim: pausado, lento, cheio de silêncios e inseguranças.

Numa atividade acadêmica, fiquei na dúvida se lia o texto sugerido pelo computador, se imprimia ou enviava para um dispositivo móvel. Fiquei na dúvida também se anotava pontos importantes ou se fazia essas coisas todas ao mesmo tempo. 

Decidi por ler o texto no computador e só depois anotar num bloco de notas digital o que tinha achado mais interessante. Depois, fiquei pensando se faria a impressão daqueles apontamentos ou se os transcreveria para um caderno. 

Decidi por imprimir e colar numa folha em branco junto com outras anotações feitas à mão. 

Que saco! Ando precisando de uma bula da vida moderna que consiga me ensinar a decidir. Melhor: um manual que possa me apresentar apenas duas opções! Códigos binários, ir e voltar, ficar ou desistir, sabe?

Ah, essa falta de jeito com a vida real... melhor desligar. 

Off.

abraços!
(analógicos e digitais)
04. set. 23