Esférico teleférico
Quando nos referimos a uma linha do tempo, nem sempre definimos suas especificidades, né? Na matemática da vida, definir e objetivar as coisas nunca foi lá uma tarefa tão fácil. Por isso, rola uma dúvida existencial às vezes: seria a linha do tempo uma linha perpendicular, cruzando e formando ângulos exatos? Seria uma simples linha reta, sem contornos, simples e direta? Seriam linhas sinuosas, oblíquas?
Ok, antes é preciso dizer de qual linha do tempo estamos falando. Ao mesmo tempo, torna-se necessário revelar as diferenças dentre as muitas formas de simbolizar a trajetória de algo. Para as línguas inglesas, por exemplo, o nome é outro: timeline. Na linha do tempo gramatical, nosso idioma é sempre mais lento - há muitas formas de dizer algo, há muito mais tempo a ser explorado procurando a palavra ideal.
Por essa razão é que não dá pra dizer que uma linha do tempo tem tamanho preestabelecido ou uma ordem predisposta. Ao contrário: linhas do tempo existem em suas diferenças, no caminho do contrário, mudando de país para país, de rua para rua, de planeta para planeta, com densidades e texturas únicas.
(Mas hey, não seguimos todos um mesmo curso, um mesmo itinerário?)
Talvez, numa visão macroscópica da história, traçamos a mesma rota, né? Buscamos, quase sempre, adiar o fim. Portanto, a linha do tempo da humanidade é a mesma entre todos nós. Ou melhor: contemporâneos de um mesmo período (para continuar no mesmo exemplo) geralmente compartilham de uma mesma regra. Cheia de emendas e modificações.
Pois você sabe: as linhas do tempo mudam muito, gerações surgem, gerações morrem e gerações sobrevivem a mais tempo que as anteriores. Seria a expectativa de vida uma ilustração de uma linha do tempo? Da evolução que elas expressam ao longo da história?
A poesia poderia supor o contrário: uma linha do tempo não pode ser medida pelo tamanho, mas pelo o que nela subsiste, pelas marcas que a estrada apresenta como cicatrizes. Camus, o escritor argelino, afirmou que um ser humano que houvesse vivido um único dia, teria recordações suficientes para passar cem anos em uma prisão.
(Como seria o desenho da linha do tempo dessa pessoa? Reta, sem contornos, simples, direta, sinuosa ou oblíqua? Como seria figurada a linha do tempo daquela francesa que viveu 122 anos? Seria óbvio pensar que se tratou de uma mulher repleta de memórias ou... não dá pra saber, eu sei).
Aprendi que há coisas que só o tempo responde. Mas nem sempre: às vezes a falta dele é a resposta.
(...)
Hey, outra dúvida: qual linha é maior? A do tempo ou a do horizonte?
