Equivoquei-me
Uma imensa seleção de silêncios. Assim comporia a crônica de meus últimos dias. Um vazio temporariamente reflexivo que apenas repete a quietude lançada. Não há eco, nem o som propriamente dito. Os segundos intermitentes continuam quietos e solitários à espera de uma palavra ou de um gesto. As ruas também. Mantêm-se silenciadas pela voz da razão.
Bem ao longe, ouve-se não um sinal certeiro, daqueles que de cara nos mostram a saída. Mas um alerta que apenas evidencia a existência de vestígios. Pistas que atestam ou dissimulam como episódios de desenho animado em que um crime começa a ser desvendado. Sem saber exatamente o que ouço, sigo caminhando na certeza de que posso me equivocar. Prática recorrente dos meus passos.
Aos poucos, começa a manifestar em algum lugar lapsos que sugerem o caminho correto. Nem sempre é bom ouvi-los, pois podem ser armadilhas. Nem sempre é bom descartá-los, pois podem ser atalhos valiosos. Tomo minha decisão. Como um chá quente em dia de frio, aquilo desce modificando a temperatura de todas as partes do corpo. Não há mais volta.
Equivoquei-me. Mas todo caminho tem um retorno. E eu me desculpo por isso.
P.s: volto dia 06 de julho!
Matheus Soares